Antes Que o Dia Termine.


domingo, 27 de abril de 2014

O MAR E A ESTUPIDEZ HUMANA

Dias desses, uma amiga muito querida perdeu a mãe. Passados os rituais típicos da morte, perguntei a ela o que faria no domingo, dia que sempre passava ao lado da sua mãe. Respondeu-me, comovida: "Preciso do mar... preciso ver o mar." Alguns dias depois, avaliando uma outra situação de perda, dessa vez emocional e não física, pensei cá com os meus botões: "Estou perdendo a fé na humanidade. De onde saiu tanta gente com ego e superego inflados a custa da dor alheia? Chamou-me a atenção, nessa ocasião, um comentário feito por amigo querido, nas redes sociais: "É cobra comendo cobra", reforçando, ainda mais, a minha perplexidade diante de uma humanidade que está perdendo o juízo. Quando foi que deixamos de ser honesto com o nosso semelhante? Em que momento, perdemos a coragem de fazer o que é bom e agradável e escolhemos alimentar esperanças vãs apenas para que possamos saborear o poder. Credo! Perdemos a noção e a estupidez está nos envolvendo todos os dias. As coisas são mais importantes. As pessoas são avaliadas a partir do que podem proporcionar ao outro e não pelo que são, de fato. De vez em quando, faço algumas tentativas de abrir espaço na minha vida para que outros possam fazer parte dela. Tento colocar de lado a desconfiança e procuro dá crédito ao que, aparentemente, vejo como bom. Infelizmente, até agora, poucos passaram no teste. Ou, talvez, seja eu que não esteja pronta para essas pessoas. Não sei fingir o que não sinto, nem senti sem demonstrar. Não sei competir, nem me aprimorei na arte da supervalorização. Não tenho paciência para jogos emocionais, nem sou misteriosa o suficiente. Levo a sério demais as palavras "importante" e "especial" e me sinto ridícula quando elas não correspondem à realidade dos fatos. As relações humanas, seja uma amizade ou um relacionamento, estão se tornando banais e estupidas. Estamos perdidos! Graças a Deus que o mar existe. Há paz em olhá-lo, sentada na areia, sozinha ou com alguém ao lado, em silêncio quase sagrado. A imensidão do mar e sua profundeza nos devolvem a calma, a mansidão e a beleza de sermos eternos aprendizes. Não somos gente grande, ainda. Todos os dias - pelo menos eu - preciso aprender a me "virar" nesse mundo onde "nada do que foi será de novo do jeito que já um dia, tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito". Ainda bem. Vou sobreviver.